COVID-19: QUANDO VEM A IMUNIDADE COLETIVA?

Novas cepas e possibilidade de transmissão do vírus por vacinados são fatores que dificultam a resposta. Mas há uma certeza: dá para controlar o coronavírus.
Os índices esperados para alcançar a imunidade coletiva ou de rebanho em relação ao coronavírus mudaram desde o início da pandemia. Bom lembrar que a obtenção desse status, em que a maioria da população está protegida contra o vírus, depende da quantidade de pessoas vacinadas contra ele e da queda na sua taxa de transmissão.
Supõe-se que a partir de um determinado patamar de imunização, é possível interromper a circulação de um vírus. Mas, com a covid-19, pode ser diferente.
Casos de reinfecção, o surgimento de variantes e a possibilidade de transmitir a doença mesmo após a vacinação são variáveis que bagunçaram a conta e deixaram os especialistas incertos sobre qual seria o tal patamar de imunização necessário para frear o coronavírus. Mas eles estão esperançosos em relação à queda das mortes e ao controle da doença. Desde que não haja um relaxamento total, é claro.
O que o futuro nos reserva
O Sars-CoV-2 já pode ser considerado um vírus respiratório de alta circulação, como a influenza, causador da gripe. Este não pode ser erradicado, apenas controlado. Por isso há vacinação todos os anos. Com a covid-19, ainda não sabemos qual será a periodicidade ideal das campanhas.
No Brasil, profissionais de saúde e idosos já estão tomando doses de reforço, mas pouco se sabe sobre as próximas ações. Com o tempo, a covid-19 será como a dengue, uma doença endêmica, que continua circulando, mas em níveis mais baixos.
Quanto vacinar?
No início da pandemia, imaginava-se que ter 70% de uma população vacinada significaria o controle da doença. O estudo feito com a Coronavac na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, mostrou que a vacina realmente faz cair a taxa de circulação do vírus. Mas alguns episódios, como a segunda onda em Manaus, começaram a levantar novos questionamentos sobre quando isso de fato aconteceria.
“Em um primeiro momento, nós reforçamos a ideia da imunidade coletiva porque se esperava que as vacinas pudessem impactar de forma importante a possibilidade de infecção, não só a evolução da doença. Com o tempo, a partir do surgimento das variantes, observamos que as injeções protegem, e muito bem, contra casos graves e mortes. Mas não impedem completamente a infecção nem a transmissão”, analisa o médico Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim).
Levando tudo em conta, só com 90% da população imunizada será possível fazer uma avaliação real da situação. Afinal, com os novos achados sobre a transmissão entre vacinados e as e as reinfecções, o antigo cálculo de imunidade perdeu sua validade.
Um estudo feito recentemente por cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, indica que uma pessoa vacinada de fato não deixa de transmitir vírus, mas ela seria contagiosa por um curto intervalo de tempo. Ou seja, os vacinados pelo menos teriam uma menor capacidade de transmissão. O trabalho ainda não revisado por outros especialistas nem publicado em periódicos científicos.
Especialistas entendem que não há controle da doença com menos de 80% de toda a população imunizada.
Fonte: Veja Saúde