UMA DOENÇA CHAMADA PÓS-COVID!

Uma neurologista com raciocínio lento, um surfista que acorda de madrugada com a sensação de estar se afogando, uma comunicadora que agora troca as palavras, uma professora que não aguenta mais a queda de cabelo… O que pessoas com relatos tão diferentes teriam em comum? Todas contraíram o coronavírus e, meses depois de se livrarem dele, apresentam queixas difíceis de explicar. 


Uma análise robusta sobre o assunto, publicada no periódico Scientific Reports, do grupo Nature, se embrenhou por estudos que incluíram ao todo 47 mil pacientes, e aponta mais de 50 efeitos de longo prazo relacionados à infecção. A revisão também mostra que até 80% dos recuperados encaram um ou mais deles um bom tempo depois do contato com o vírus. 


“Na prática, estamos vendo que uma em cada três pessoas que tiveram sintomas da infecção apresenta acometimentos 12 meses depois da fase aguda, independentemente da severidade do quadro e do grau da resposta inflamatória”, conta Milene Silva Ferreira, gerente médica de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A instituição é uma das que se estruturaram para atender os atingidos pela síndrome pós-Covid, ou Covid longa, como também é chamada. 


A terminologia exata ainda está sendo discutida, mas não só ela. Falta entender muita coisa sobre a condição: se é possível diagnosticar com exames, distinguindo fatores que trazem consequências parecidas, se certas sequelas são permanentes e, mais importante, por que isso tudo acontece. 


O que se sabe, com certeza, é que o problema existe, exige protocolos terapêuticos específicos e demanda uma reorganização do sistema de saúde. “O fato de termos tantas perguntas e mecanismos desconhecidos não significa que as queixas dos pacientes devem ser menosprezadas”, diz Milene. 


Lapsos de memória e linguagem estão entre os sintomas mais enigmáticos do pós-Covid. Somam-se a eles diversas outras manifestações neurológicas, como dor de cabeça, além do surgimento (ou agravamento) de transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. 


Outra hipótese envolve os chamados microtrombos, entupimentos em vasos muito pequenos que irrigam o cérebro. Estamos nos perguntando: será que a fase aguda da infecção desencadeia processos semelhantes aos de doenças neurodegenerativas? 


A questão é que tais abalos não são flagrados em ressonâncias e tomografias comuns. Assim, a pessoa, preocupada, procura o neurologista e ouve que seus exames estão normais. Nesses casos, testes neuropsicológicos feitos em consultório podem ajudar a quantificar o impacto da doença e determinar o tratamento. Porque felizmente é possível melhorar o funcionamento da cabeça. 


Consequências neurológicas e psiquiátricas da Covid-19: 


+ Dor de cabeça: Fatores psicológicos e físicos podem trazer as crises, aliviadas com medicamentos específicos. Vale tentar investigar possíveis causas, embora nem sempre elas apareçam. 


+ Dificuldades cognitivas: Três domínios do funcionamento cerebral parecem mais afetados: linguagem, memória e raciocínio. Existem formas de estimular a cabeça para elas não ficarem emperradas. 


+ Transtornos psiquiátricos: Depressão e ansiedade podem dar as caras ou ser intensificadas. É preciso ficar atento e buscar ajuda com terapia, mudanças de hábito e e medicamentos, se necessário. 


+ Trombos pelos vasos: Devido à interferência da infecção na coagulação, mesmo depois da fase aguda, indivíduos podem ter de pequenos entupimentos nas artérias cerebrais a um AVC. Fique de olho em sinais suspeitos. 


+ Perda de olfato e paladar: A queixa está se tornando incomum com a variante delta do vírus, mas tem gente sofrendo com isso desde o ano passado. O treinamento olfativo ajuda a recuperar os sentidos. 


+ Repercussões inespecíficas: Uma das teorias diz que o vírus pode afetar o sistema nervoso autônomo, que comanda coração e pulmões, e nervos periféricos, causando dores e formigamento. 


Um cansaço sem fim 


O cansaço, queixa mais frequente entre os recuperados, e a falta de ar conversam entre si. Dividem origens e podem ser exacerbados pelos ataques do coronavírus à saúde mental, mas não só. 


Ao menos três fatores podem estar envolvidos: problemas para respirar, em especial uma dificuldade de coordenar a musculatura envolvida ao inspirar e expirar o ar, perda de massa muscular e a inflamação sistêmica. 


A despeito das raízes exatas, a fadiga não pode passar batido. Isso coloca a pessoa numa cascata de complicações, pois ela tenta voltar às atividades diárias e à rotina de exercícios por conta própria, não consegue e acaba ficando sedentária enquanto espera a melhora espontânea, o que agrava outros sintomas, como a depressão. 


Os pulmões depois da Covid-19 


A inflamação provocada pelo vírus deixa fibroses, que são cicatrizes que endurecem o pulmão e dificultam as trocas gasosas. Na mesma linha do que pode acontecer com o cérebro, pequenos entupimentos em vasinhos minam a capacidade de funcionamento do órgão, levando a uma doença pulmonar crônica. 


Da cabeça aos pés: sintomas misteriosos, origens misteriosas 


Em algumas pessoas, apesar de uma aparente normalidade nos exames, os sintomas esquisitos continuam aparecendo. A ciência busca com afinco respostas para essa situação angustiante. Além dos resquícios de inflamação, onipresentes pelo corpo, suspeita-se de processos similares aos de doenças autoimunes, quando o organismo produz anticorpos contra si mesmo. 


Mas é provável que um mecanismo para explicar tudo nunca apareça. Há diversos fatores de confusão, como dizem os especialistas, que atrapalham a empreitada. Até porque outras infecções também podem desatar reflexos de longo prazo. 


Várias das queixas, da falta de ar à dor de cabeça, passando pela queda de cabelo e pelos picos de pressão, podem estar associadas ao estresse psicológico. Sobreviver à Covid-19 é passar por um trauma em diferentes medidas, mas, sem dúvida, um trauma. 


Fonte: Veja Saúde 

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